Bom dia :)
Continuamos a agradecer todo o apoio que nos é dado por vocês, caras leitoras.
Muito obrigado.
Este capítulo é da ~ mia. Enjoy it!
Lylith Marie Johanson:
Vampira.
Eu, que nunca prestara a mínima atenção às lendas dos Quileutes, aqueles velhos senis de La Push que se auto-intitulavam de Anciãos e que me estavam constantemente a avisar.
Eu fora transformada numa vampira, no predador mais perigoso do mundo.
Irónico, no mínimo.
No entanto, o fogo ardente e insensato que queimava a minha garganta não me permitia gastar muito tempo a debater este ou qualquer outro assunto.
As chamas não eram tão dolorosas como aquelas que haviam originado a minha transformação, mas estavam lá perto e pareciam intensificar-se de minuto para minuto.
O mísero gato não me chegara para nada e soubera-me ligeiramente mal, com um travo amargo e a sua vida ainda me pesava no coração, agora tão silencioso e quieto como uma pedra.
Não sabia ao certo o que fazer.
Era tudo tão novo…tão impossível.
Os meus instintos estavam mais aguçados do que nunca e só agora via verdadeiramente a paisagem triste e cinzenta da cidade de Forks, com todas as suas falhas e qualidades. As minhas novas mãos sentiam fielmente as texturas rígidas e macias dos objectos e o meu nariz…esse não sabia para onde se virar. Os odores eram tantos, tão deliciosos e grosseiros em simultâneo, tão doces, amargos, azedos.
No entanto, um odor e um som em especial sobrepunham-se a todas as outras sensações.
A musicalidade de uma pulsação forte e insistente e um cheiro, o cheiro mais delicioso e apelativo que alguma vez me fora dado a conhecer.
Era uma doce mistura de frésias, rosas e violetas envolvidas em mel. Uma mistura que me fazia crescer água na boca e despertava os meus instintos sem que eu lhes desse permissão. A minha garganta escaldava e saltava de cada vez que eu inspirava uma nova golfada de ar, um ar inundado por aquele perfume que despertava em mim tamanha demência.
Deixei-me guiar pelos meus infalíveis instintos de vampira, permitindo ao corpo tomar o lugar da mente e agir sem pensar, por uma vez na vida.
Sem ser a boazinha Lylith, que calculava sempre os danos que iria causar antes de fazer algo porque simplesmente lhe apetecia.
As memórias da pessoa que eu fora repulsavam-me e a raiva que sentia por mim mesma alimentava a minha sede já de si incoerente e os meus músculos retesaram-se, impulsionando o corpo para a frente.
Foi então que comecei a correr.
A correr como nunca antes tinha corrido na minha vida, sentindo o vento estranhamente cálido em contacto com a minha pele embater-me no rosto e despentear-me os cabelos, provando o escasso sol que com minúsculos raios me lambia delicadamente os fios alaranjados.
A sensação era quase indescritível.
A lama e a água a molharem-me os pés, a velocidade estonteante a que o meu corpo se movia, todas as pequenas coisas que os meus olhos conseguiam engolir.
Tudo isto era incrível e novo e fazia-me sorrir, principalmente porque não fazia a mínima ideia para onde me dirigia. Apenas estava ciente de que aquele cheiro embriagante estava cada vez mais perto o que fazia as minhas pernas moverem-se quase à velocidade da luz.
Foi então que, abruptamente, parei.
Parei em frente a uma casa que não me era completamente desconhecida.
A porta era invulgarmente púrpura ao contrário de todas as outras da cidade que eram de um enfadonho cinzento pálido.
Tanto a porta como o resto da casa ligavam-me a milhares de recordações felizes que remontavam a um tempo longínquo. Com elas misturavam-se memórias tristes e violentas.
Era a minha casa.
O cheiro vinha de lá. O sangue era dela.
Daquela mulher horrenda que – eu tinha a certeza absoluta – matara a única pessoa que eu amava neste Mundo.
Ela matara o meu pai.
Era quase engraçada a maneira como o destino decidira que eu havia de me transformar na criatura mais temível do mundo mítico para vingar a morte dele.
E de uma coisa eu estava certa – não iria desperdiçar esta oportunidade.
Com um simples empurrão da minha parte a porta cedeu e embateu no chão de madeira com um ruído sonoro.
Uma figura estreita e desengonçada apareceu no hall de entrada e os olhos malévolos arregalaram-se quando me viram.
-Lylith? – Murmurou.
-Anna. – Cumprimentei, com um sorriso a aflorar-me os cantos dos lábios. O facto de ela ter o mesmo nome da minha mãe enjoava-me e alimentava o desejo de a ver morta.
Dei um passo em frente e estendi a mão na sua direcção, puxando-a para mim com uma força férrea. Uma força que a surpreendeu e irritou.
-Larga-me sua imbecil, estás a magoar-me! – Gritou com a voz esganiçada.
Num movimento cuidadosamente estudado encostei o nariz à cavidade do seu ombro e inspirei. O cheiro era delirante e os meus olhos brilharam face ao perfume que a sua pele exalava.
Ela estava assustada. Apavorada.
Sorri e, em menos de um segundo, os meus caninos estavam cravadas na sua jugular, sorvendo lentamente o líquido espesso e quente que corria nas suas veias.
Ela berrava de dor e tive de lhe partir o pescoço para a calar.
Os seus ossos cederam facilmente aos meus dedos de aço.
Cravei a boca nos seus pulsos, tentando sugar o máximo daquele sangue, tão viciante como uma droga.
Só parei quando a sua tez estava tão pálida como a minha devido à perda excessiva de sangue.
À perda total de sangue.
Olhei uma última vez para o seu cadáver, sentindo-me poderosa, sentindo que, finalmente, justiça havia sido feita.
Não estava minimamente arrependida.
Mas também não estava minimamente satisfeita – a minha garganta continuava a implorar por mais alimento.